Pesquisas que abordam a temática LGBTQIA+ têm ficado cada vez mais comuns nas universidades. Isso mostra o quanto o tema pode ser bem explorado e possui relevância em qualquer graduação para ampliarmos as informações, conhecermos mais este grupo social e, claro, fortalecer a diversidade. “É de extrema importância, na área da graduação e da pós-graduação, incluirmos autores e autoras que tragam esses debates que irão repercutir na produção científica, como TCCs, monografias de especialização e participação de congressos. Afinal, são grupos invisibilizados e que, ao debater e melhor instrumentalizar os estudantes, as pesquisas permitem entender melhor o movimento e somar à luta pelos direitos”, afirma a coordenadora do curso de Serviço Social do IESB, Erci Ribeiro.

Formado em Publicidade e Propaganda no IESB, Gabriel Augusto, 23 anos, desenvolveu o seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em cima da temática LGBT. Ele fez uma análise de como as marcas e serviços que usam personalidades LGBTQIA+ são percebidas pelo público e se o impacto é positivo ou negativo. “É realmente uma análise para saber como é essa apropriação de pessoas LGBTQIA+. No caso do meu estudo, peguei várias campanhas que utilizaram diferentes artistas héteros e LGBTs e fiz essa comparação. A conclusão é que ter uma personalidade LGBTQIA+ em uma campanha não gera uma construção negativa da marca. Outro ponto positivo é que, por meio dessas publicidades, uma compreensão e visibilidade do movimento é obtida, trazendo novos aliados para a causa”, explica o estudante.

Gabriel compartilha que o tema lhe chamou muita atenção e fazer o trabalho foi uma etapa muito importante para o seu aprendizado. “Eu faço parte da comunidade LGBTQIA+. Gosto de estudar sobre o tema, ler histórias, conhecer pessoas que antes de mim batalharam, sofreram ou até perderam a vida para hoje muitos de nós debatermos isso de forma mais livre. Especialmente no mês de junho, nós sabemos que existem várias marcas que se apropriam da data do Orgulho, mas passa o mês e acaba. E não é assim, é importante apoiarmos essa comunidade o ano inteiro, afinal a gente vive o ano inteiro, a gente luta o ano inteiro, e eu nem falo só da minha bolha, falo de várias pessoas, de vários lugares, principalmente aqui do Brasil”, pontua.

Bruno Brayner Costa, aluno do 4º semestre do curso de Design de Moda do IESB também decidiu discutir o tema em seu TCC. “Estou trabalhando em uma coleção de roupas, na qual abordo conceitos de minimalismo e do chique casual. A partir da autoestima, eu trouxe peças versáteis, sem gênero, com modelagens que vestem todos os corpos, de todas as pessoas, independente do sexo e cor”, explica o estudante, que busca valorizar muito a comunidade negra e LGBTQIA+ em suas pesquisas e trabalho com a moda.

Produzir trabalhos com o olhar voltado para o universo LGBTQIA+ contribui para a luta que começou, oficialmente, em 28 de junho de 1969, em Nova Iorque, e se estendeu por todo o mundo. Em números, o Brasil ainda é o país que mais mata membros dessa comunidade. Dados do Trans Murder Monitoring (“Observatório de Assassinatos Trans”, em inglês) apontam que, apenas nos primeiros nove meses de 2020, 124 pessoas transexuais foram mortas no país.

Texto: Paulo Almeida
Foto: Faro Criativo Comunicação