Lina Pereira entrou no ‘Big Brother Brasil’ de peito aberto, disposta a desnudar a si mesma e toda a sua história diante do Brasil. E foi o que fez. Olhando em retrospectiva, hoje ela avalia que, durante mais de 80 dias no confinamento, mostrou um jogo pautado no diálogo, em que as relações eram sua fortaleza e, ao mesmo tempo, sua fragilidade. 

7 perguntas pra Linn da Quebrada

1. Como foi a experiência de participar do ‘Big Brother Brasil’?Participar do BBB foi uma das experiências mais malucas e intensas da minha vida, desde quando eu recebi o convite. Eu sou uma grande fã do BBB, acompanho desde as primeiras edições. E há muito tempo eu pensava no quanto fazia falta ter a presença de uma pessoa trans no programa.

2. Você falou bastante sobre a importância de uma pessoa como você, artista, travesti, com sua história de vida, suas lutas e tudo o que isso representa, ganhar o BBB. Você não levou o prêmio, mas chegou muito perto do final da temporada. Como você enxerga esse desempenho e que história ele conta?Eu entrei achando que fosse me dar muito bem no jogo, que seria boa nas provas, iria ganhar liderança, anjo, e que com isso eu iria ter o poder de decisão no game. Mas eu vi que o jogo que eu fiz estava conectado às relações, era o jogo das relações. E nesse jogo das relações eu me vi fragilizada em alguns lugares, como no erro de um pronome em um contexto em que eu me via exposta, sem saber necessariamente como lidar porque, de certa forma, me sentia sozinha diante dessas questões.

3. Que surpresas essa experiência te trouxe?Eu senti um medo da rejeição, de ir ao paredão logo no início, e acho que isso vem um pouco de uma história anterior do BBB em que a Ariadna saiu na primeira semana. Eu queria ter a possibilidade de desfrutar do programa para contar a minha história com mais tempo. Eu sinto que nesse lugar eu venci porque eu consegui viver relações profundas. Nisso eu me surpreendi. Eu imaginava que iria criar laços fortes, mas não imaginava, por exemplo, que eu construiria uma relação como a que eu construí com a Jessilane.  

4. Jessilane, você e Natália tiveram uma grande afinidade e acabaram se unindo logo nas primeiras semanas do programa, formando um grupo que o público apelidou de “as comadres”. Na sua opinião, o que uniu vocês lá dentro?  Nós somos muito diferentes. Mas eu sempre acreditei que, em algum lugar, a diferença poderia nos unir, justamente por ouvir a Jessi, ouvir a Nat e entender o que nelas poderia me acrescentar naquela trajetória; entender onde, apesar de muito diferentes, a gente poderia encontrar pontos em comum. A nossa relação era o que nos fortalecia, mas a maneira como a gente lidava com nossos conflitos, que acabava indo para toda a casa, nos fragilizava. 

5. O que acha que gerava essas situações de fragilidade e de conflitos entre vocês? Nós somos muito diferentes e os nossos conflitos pessoais acabavam aparecendo na frente do jogo. Mesmo assim, a gente vencia muitas questões justamente porque tinha maneiras diferentes de lidar com o jogo e com as estratégias que a gente gostaria de propor. E uma coisa que eu achei muito bonita foi que a gente não precisou se anular pela outra pessoa. A forma como a Jessi encarava as decisões dela em relação ao posicionamento de grupo, a minha forma de pensar as estratégias para que a gente conseguisse sobreviver e avançar no programa e a maneira como a Natália lidava com essas estratégias no grupo eram muito diferentes.

6. Quais foram os seus aprendizados no reality?Sinto que eu aprendi muito. Aprendi a jogar jogando. Eu tinha uma ideia que se mostrou completamente diferente, vivi intensamente todas as coisas dentro da casa: a Xepa, o Vip, as provas e as frustrações diante delas, por não ganhar e, consequentemente, não fazer parte de um grupo que tinha o poder de decisão. Ainda estou digerindo e entendendo o que significam todas essas informações. Eu entrei como Linn da Quebrada.

7. Se pudesse citar um momento especial que viveu na casa, qual seria? Um momento muito especial para mim, o primeiro que me vem à cabeça, é especial porque foi um ápice de dificuldade e de alegria: quando eu ganhei a liderança. Quando os meninos abriram mão de continuar na prova e, naquele gesto de pular, veio a liderança. Ali eu tive a oportunidade de levar a Jessi e a Nat para o Vip, pude desfrutar da minha festa e de viver um momento muito importante.

Foto: João Cotta / Globo
Texto: Assessoria de Imprensa Globo