O cenário é incrível. De um lado, o Oceano Atlântico e seu mar agitado. Do outro, milhares de dunas e lagoas de águas cristalinas. Uma visão tão mágica e grandiosa que nos dá a impressão de estarmos em uma espécie de mundo paralelo ou em outro planeta. Não à toa, os Lençóis Maranhenses têm sido locação de séries, novelas e filmes, como Vingadores: Guerra Infinita, longa que colocou personagens como o Homem de Ferro (Robert Downey Jr.) e Thanos (Josh Brolin) para lutar em suas tórridas areias. Mas as belezas desse destino vão muito além do que o cinema e a televisão podem mostrar. Localizado a 270 quilômetros de São Luís, capital que recebe voos diários da Azul, o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses possui cores e encantos que só podem ser captados pelos nossos próprios olhos. Por isso é preciso estar lá para saber e entender a real grandeza desse patrimônio natural. 

Espetáculo natural

As cadeias de dunas sinuosas intercaladas por lagoas temporárias sempre intrigaram os visitantes. Afinal, como o vento, a areia e a água conseguem moldar um cenário tão deslumbrante como o dos Lençóis Maranhenses? A resposta é mais simples do que se imagina. As lagoas são formadas parte pelas águas das chuvas e parte pelos lençóis freáticos debaixo do solo, enquanto as montanhas de areia são resultado da ação do vento vindo do mar, que sopra em um ritmo mais ou menos constante. 

Graças a essas condições especiais, o Brasil tem o maior campo de dunas da América do Sul. O Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses ocupa uma área de 1.500 quilômetros quadrados, quase a mesma da cidade de São Paulo, e está inserido em três municípios: Santo Amaro, e Primeira Cruz e Barreirinhas. A melhor maneira de chegar até lá é partindo de carro da capital São Luís rumo a Barreirinhas, o grande polo turístico da região, em uma viagem que dura aproximadamente quatro horas. A cidade tem uma boa infraestrutura e uma variada oferta de restaurantes e pousadas, a exemplo da Encantes do Nordeste. O empreendimento tem 28 confortáveis chalés, piscina e oferece um caprichado café da manhã. 

O parque fica a poucos quilômetros do Centro da cidade e uma boa maneira de conhecer alguns dos lagos é a bordo de jipes 4×4, passeios que são oferecidos pelas agências de turismo locais. Os veículos percorrem várias trilhas até as dunas e fazem paradas estratégicas para que os visitantes possam se refrescar nas águas mornas e cristalinas do lugar. São cerca de 10 mil lagoas, algumas temporárias e outras perenes, entre elas as famosas Lagoa Bonita, do Descanso, do Gavião e do Clone, onde a novela homônima foi gravada, entre 2001 e 2002. A dica é chegar de tarde, quando o sol já está menos intenso, refrescar-se por ali e esperar para assistir ao pôr do sol de cima de uma das montanhas. 

No céu ou no rio

Outro modo de contemplar o espetáculo natural é pelo céu. Por isso vale a pena agendar um passeio de monomotor e observar de cima a grandiosidade da região, com suas formações de areia de um lado, o mar do outro e o Rio Preguiças, que nasce no município de Santana do Maranhão e deságua no Oceano Atlântico. Não se sabe ao certo a origem do nome do rio, mas alguns moradores defendem que ele foi batizado assim por causa da enorme quantidade de bichos-preguiça que havia ali no passado. Outros acreditam que foi por sua correnteza lenta e calma. O fato é que os bichos-preguiça nem sempre dão as caras por ali.

Em compensação, navegando a bordo de uma das lanchas –  ou voadeiras, como os locais chamam – é possível avistar os famosos guarás, pássaros que impressionam pela penugem de forte coloração vermelha. De tardinha, a revoada dá um show e colore o céu como nuvens de fogo. Já em Vassouras, uma das paradas do tour, a grande atração são os macacos-prego. Bastante sociáveis, ele descem das árvores para interagir com as pessoas e tentar afanar alguma comida. Essas espécies são apenas algumas representantes do rico bioma da região, que está inserida no cerrado, mas apresenta forte influência da Caatinga e da Amazônia. Seu território abriga ecossistemas diversos, como a restinga e o manguezal. 

Os passeios de voadeira nos levam também a lugares como Mandacaru, na foz do rio. É no pequeno povoado que fica um dos cartões-postais do lugar, o Farol de Mandacaru, ou Farol de Preguiças, como alguns o conhecem. Inaugurado em 1940, tem 35 metros de altura e oferece uma visão panorâmica da região. Chegar ao topo exige certa disposição física, já que é preciso enfrentar os 160 degraus da escada, construída em formato de caracol. 

Refúgio pé na areia

Ok, Barreirinhas é uma cidade com ótima infraestrutura e um dos pontos ideais para quem quer conhecer os Lençóis Maranhenses. Mas, se você procura uma experiência ainda mais calma e tranquila, não deixe de conhecer Atins, que fica a 22 quilômetros dali. A maneira mais fácil de chegar lá é percorrendo o Rio Preguiças de voadeira. 

O pequeno vilarejo não tem ruas asfaltadas, por isso o negócio ali é pé no chão. Ou na areia, melhor dizendo. Não se assuste. Apesar da aparência rústica, o lugar tem luz elétrica e sinal de celular, além uma boa variedade de bares restaurante e pousadas, como a Jurará. O empreendimento tem poucos e confortáveis quartos, que dão a impressão de estarmos hospedados em uma pequena vila, daquelas com casinhas de varanda. 

Não deixe de fazer um tour de quadriciclo nos Pequenos Lençóis, que ficam perto dali. Trata-se de dunas e lagos um pouco menores que também estão dentro da área do parque nacional. Na volta, vale a pena conhecer o Restaurante do Sr. Antônio, que serve alguns dos melhores camarões da região em diferentes versões: desde os empanados ao assados na brasa. 

Perto dali, navegando alguns minutos no rio, fica a Praia do Caburé, cuja faixa de areia fica entre o mar e o rio. É só escolher onde quer mergulhar: nas águas doces do Rio Preguiças, ou nas salgadas do Oceano Atlântico. Se bater fome, faça uma parada no restaurante Porto Caburé, que tem ótimos peixes e frutos do mar. Delícias para saborear enquanto se contemplam as maravilhas desse cenário inacreditável. 

Foto: Setur/Barreirinhas