Logo nos primeiros minutos, a ambientação é promissora. O clima de recomeço é palpável, o que gera altas expectativas. Mas, à medida que a trama avança, há um certo desconforto: os poderes do Superman parecem ser subestimados em momentos-chave. Essa escolha narrativa pode frustrar os fãs que esperavam ver o herói em sua plenitude, mas é possível que essa tenha sido uma decisão consciente de roteiro — uma forma de reforçar que até os ícones mais poderosos precisam lidar com seus próprios limites.
A estratégia da jornada do herói é evidente: colocar Clark Kent em perigo, testá-lo, enfraquecê-lo, para então mostrar que até os seres mais invencíveis enfrentam dilemas e quedas. É uma metáfora eficiente. Talvez a mensagem seja justamente essa: mesmo os maiores heróis também precisam de ajuda. E não há problema algum em reconhecer isso. Toda fortaleza, por mais sólida que pareça, carrega suas fragilidades.
Entre os destaques da produção, impossível não citar o supercão. Com uma presença carismática e atitudes que desafiam o código de ética (que, convenhamos, ele não está interessado em seguir), o personagem funciona como alívio cômico, mas também como peça narrativa relevante. Sua participação quebra a seriedade em momentos certos e rouba a cena com naturalidade.
Outro ponto forte foi a construção do novo Lex Luthor. Há mais nuances em sua vilania, mais camadas em sua motivação. A forma como é colocado à prova traz um novo fôlego à rivalidade com o Superman — e aponta que ainda há muito a ser explorado.
Por fim, fica uma expectativa: será que na próxima produção finalmente veremos uma Supergirl com papel mais ativo? Esperamos que sim. Não uma heroína estereotipada, mas uma mulher atuante, estratégica e com posicionamento claro diante dos conflitos do mundo.
James Gunn, com sua assinatura autoral, nos entregou um Superman que ainda está em formação. Não é um filme perfeito, mas é uma obra necessária neste novo capítulo do universo DC.