A expansão do marketing de influência no Brasil tem gerado debates sobre a valorização profissional dos criadores de conteúdo. Dados recentes apontam que 67% dos influenciadores já trabalharam por permuta, ou seja, sem remuneração financeira direta. Essa prática, embora comum, não cobre despesas básicas como aluguéis, contas de energia ou alimentação.
A Creator Economy movimenta quase 400 mil empregos no país e tem impacto direto no comportamento de consumo. Segundo levantamento da Influency.me, 61% dos brasileiros já compraram produtos recomendados por influenciadores, e 78% confiam nas indicações feitas por esses perfis digitais. Apesar disso, apenas 9% dos criadores vivem exclusivamente da produção de conteúdo, o que revela uma disparidade entre o alcance comercial da influência e sua sustentabilidade financeira.
O modelo de permuta, muitas vezes oferecido por marcas como alternativa à contratação formal, não contempla o tempo de produção, os custos operacionais e o engajamento gerado. Criar um post pode levar até 3 horas, e 86% dos influenciadores cuidam de todas as etapas sozinhos, da gravação à edição. A ausência de pagamento em dinheiro compromete a continuidade da atividade e limita o crescimento do setor.
Especialistas apontam que o marketing de influência apresenta retorno médio sobre investimento de 5,2 vezes, superando outras estratégias digitais. No entanto, esse retorno não é distribuído proporcionalmente entre os criadores. A profissionalização do setor exige contratos claros, remuneração compatível com o alcance e métricas de desempenho transparentes.
A valorização da publicidade com influenciadores passa pela formalização das parcerias comerciais. A entrega de produtos ou serviços como forma de pagamento não substitui o valor do trabalho realizado. A influência digital é uma atividade que demanda planejamento, técnica e dedicação, e deve ser reconhecida como tal.
A discussão sobre remuneração justa no marketing de influência não se limita à esfera dos criadores. Envolve agências, marcas e plataformas, que precisam rever práticas e estabelecer padrões éticos de contratação. A permuta não paga boletos, e o conteúdo que movimenta bilhões de reais por ano no Brasil precisa ser tratado como atividade econômica legítima.






