Em meio a telas que piscam, notificações que competem por atenção e algoritmos que ditam o ritmo dos dias, uma cena silenciosa reaparece: jovens sentados com lápis, canetinhas e cadernos de desenhos. Sem pressa, sem metas, sem likes. Apenas cor, papel e tempo.
A geração que cresceu com smartphones nas mãos agora redescobre o gesto simples de pintar. Não como tarefa escolar, nem como passatempo infantil, mas como escolha consciente. Pintar virou pausa. Virou espaço. Virou forma de estar presente.
Cada traço preenchido é uma pequena afirmação: estou aqui. Cada página colorida é um intervalo entre urgências. E cada cor escolhida é uma forma de dizer o que não cabe em palavras.
Os cadernos de desenhos voltaram, mas não como antes. Eles não pedem perfeição. Não exigem técnica. São convites abertos à experimentação. À liberdade. À imperfeição que revela o que é autêntico.
Essa geração, marcada por crises, mudanças e excesso de estímulos, encontrou nos desenhos uma forma de reconexão. Com o corpo, com o tempo, com o silêncio. Pintar virou resistência ao ruído. Um gesto pequeno, mas cheio de sentido.
Não há regras. Não há pressa. Há páginas em branco e vontade de preenchê-las. Há cor onde antes havia cansaço. Há escolha onde antes havia algoritmo.
E assim, entre traços e tons, essa geração pinta o que sente, o que sonha, o que não sabe dizer. Pinta para lembrar que existe. Pinta para lembrar que pode criar. Pinta para lembrar que, mesmo em tempos digitais, o papel ainda acolhe o que é humano.






