A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) sediou a oitava edição do Fórum O Otimista Brasil, promovido pelo grupo de comunicação O Otimista. O evento reuniu representantes dos três Poderes e do setor produtivo para discutir temas relacionados ao desenvolvimento nacional.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, abriu o fórum com palestra sobre Análise Econômica do Direito, destacando a importância da eficiência no Judiciário. Segundo ele, a duração excessiva dos processos compromete o ambiente de negócios. “O investidor não vai entrar aqui sabendo que se tiver um problema vai levar 20 anos [para resolver]”, afirmou. Fux também mencionou o índice de litigiosidade no país: “Para cada dois brasileiros, um litiga em juízo”, disse. No setor empresarial, o índice chega a 96%. O ministro citou o uso do Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas (IRDR) como mecanismo para acelerar decisões judiciais.
Na sequência, o ex-governador e ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes abordou a conjuntura socioeconômica do país. Ele criticou a polarização política e apontou o avanço do crime organizado como um dos principais desafios. Segundo Gomes, 25% do território urbano está sob domínio de facções. Ele também questionou a metodologia do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para medir o desemprego, alegando que atividades informais e beneficiários de programas como o Bolsa Família são contabilizados como ocupados, o que distorce os dados. Gomes comparou o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro com o da China, destacando a diferença de planejamento entre os dois países.
A deputada distrital Paula Belmonte mediou o painel “O papel da Justiça na promoção de igualdade e desenvolvimento”, defendendo maior presença de mulheres nos espaços de poder. A representante do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Renata Gil, apresentou medidas afirmativas para ampliar a participação feminina no Judiciário, como a alternância entre listas mistas e exclusivas de mulheres nas promoções por merecimento.
O advogado Marcos Rogério de Souza tratou da ausência de marcos regulatórios para temas como inteligência artificial, redes sociais e cibersegurança. Ele alertou para o risco de viés algorítmico em decisões judiciais, citando um caso nos Estados Unidos em que a IA associou negros e regiões pobres à criminalidade.
O fórum também contou com a presença do secretário nacional de microempresa, Maurício Juvenal, que falou sobre simplificação burocrática e letramento digital para os 23 milhões de CNPJs ativos no país. O gerente da Galvani Fertilizantes, Christiano Brandão, apresentou iniciativas da empresa na área de licenciamento e meio ambiente.
O evento reuniu autoridades e especialistas em torno de temas como tecnologia, igualdade, economia e planejamento estatal, com foco na construção de caminhos para o desenvolvimento nacional.






