Em tempos de urgência e excesso, o Natal chega como um convite à pausa. É quando o mundo desacelera e a alma se permite sentir. Mais do que uma data, é um estado de espírito. Um reencontro com o que é essencial. E, nesse cenário de luzes e memórias, comunicar também ganha outro tom: o da ternura, o da esperança, o da fé que renasce.
Natal é reencontro com o que nos move. É quando o barulho do mundo dá lugar à escuta interior. É tempo de refletir sobre o que construímos, sobre quem somos e sobre o que ainda queremos ser. É quando o nascimento do menino Jesus nos lembra que há beleza na simplicidade, força na humildade e luz na renovação.
Brasília se enche de luzes, mas é nos encontros que o Natal realmente acontece. Na mesa posta com carinho, no abraço apertado, no presente escolhido com cuidado. Cada gesto é verso. Cada sorriso é estrofe. E cada memória é poema. O Natal é a poesia do cotidiano, o brilho que mora nos detalhes, o afeto que se revela nos silêncios compartilhados.
Este ano, celebro com um vazio que fala alto. A ausência de Seu Gomes, meu pai, mentor e amor, transforma o Natal em oração. É tempo de saudade, mas também de gratidão. De cozinhar com lembranças, de reunir com ternura, de viver com intensidade. O Natal, agora, é também homenagem. É memória viva. É amor que não se apaga.
Que cada gesto seja cuidado. Que cada palavra seja ponte. Que cada abraço seja cura. Que o espírito natalino nos ensine a renascer, mesmo diante das perdas. Como escreveu Cecília Meireles, “Aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira.” Que a comunicação continue sendo esse jardim onde brotam afetos, mesmo em meio às ausências.






