Um estudo realizado pelo Sebrae no Distrito Federal buscou compreender os desafios atuais enfrentados pelas empreendedoras da região, assim como suas estratégias no mundo dos negócios. Os resultados da pesquisa destacam a realidade inegável de que as mulheres que empreendem na capital federal enfrentam dificuldades e obstáculos únicos em suas trajetórias empreendedoras, frequentemente mais desafiadores do que aqueles enfrentados pelos homens.
“Há algum tempo temos testemunhado um aumento significativo no número de mulheres que desejam iniciar seus próprios negócios, desafiando estereótipos e ultrapassando barreiras. Com a promoção desta pesquisa, verificamos que elas ainda enfrentam uma série de obstáculos, que vão desde o acesso limitado ao crédito até a falta de redes de apoio e de oportunidades de desenvolvimento profissional. E, infelizmente, constatamos uma realidade cruel: a maioria das nossas empreendedoras já enfrentaram cenários de violência”, analisa a superintendente do Sebrae no DF, Rose Rainha.
A fase quantitativa do estudo envolveu uma ampla pesquisa com empreendedoras de diversos segmentos e regiões administrativas do Distrito Federal.
Uma descoberta relevante revelada pelo estudo foi que oito em cada 10 empreendedoras relataram ter sofrido algum tipo de violência, enquanto 52% desse grupo declarou depender economicamente do agressor.
As mulheres do Distrito Federal encontram motivação para empreender em diversos fatores. Os dados revelam que a busca por independência e autonomia é o principal fator motivador, com 50% das mulheres empreendendo com esse desejo. A vocação empreendedora motiva 38,04% das entrevistadas, enquanto a necessidade financeira impulsiona 31,21% delas. Além disso, 16,26% veem no empreendedorismo uma oportunidade de negócio, enquanto 14,11% buscam crescimento profissional por meio dessa via. O apoio da família é mencionado por 5,61% das empreendedoras.
O estudo também indica que a maioria das mulheres, 56,73% mais precisamente, não recebe estímulo específico de nenhuma fonte direta, com familiares e mães se destacando como principais influências, seguidos de amigos, pai e marido/companheiro. O papel de empresários como influência direta foi mencionado por apenas 1,87% das entrevistadas.
A pesquisa revela, ainda, que a maioria das empreendedoras do DF não busca capacitações para desenvolver seus negócios. Cerca de 42% das mulheres que empreendem não investem na absorção de novos conteúdos com regularidade. No que se refere aos obstáculos enfrentados, a conciliação entre vida pessoal e profissional é apontada por 61,10% das empreendedoras como um desafio significativo, seguido de perto pela falta de segurança (59,53%) e a insegurança devido à falta de preparo em empreendedorismo (40,98%).
O estudo revelou recomendações importantes para a criação de um ambiente mais propício ao empreendedorismo feminino no Distrito Federal. Tais recomendações incluem a implementação de linhas de crédito designadas especificamente para mulheres empreendedoras, com o objetivo de superar as dificuldades de acesso ao crédito, um desafio enfrentado tanto por homens quanto por mulheres.
Além disso, a redução das burocracias na abertura e gestão de negócios foi mencionada por 47% das empreendedoras do DF como um desafio a ser enfrentado. A melhoria da segurança pública em áreas comerciais foi considerada importante por mais de 40% das mulheres empreendedoras, com uma taxa ainda mais alta nas regiões de baixa renda. Por fim, a criação de políticas públicas para o empreendedorismo feminino também foi recomendada, considerada relevante por quase 60% das empreendedoras do DF.
“Ao reconhecer e apoiar o empreendedorismo feminino, podemos criar um ambiente mais inclusivo e receptivo, favorecendo a igualdade de oportunidades para prosperar e inovar. Esta pesquisa não apenas descreve a situação atual das empreendedoras, mas também nos proporciona indicadores valiosos para desenvolver políticas e programas que promovam a igualdade de gênero e o desenvolvimento econômico sustentável”, conclui Rose Rainha.
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